O consumo de álcool e o risco de câncer de mama

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O consumo de álcool vem aumentando mundialmente, especialmente pelas mulheres. As modificações do seu papel na sociedade, assim como fatores sociais e culturais estão relacionados ao maior consumo de bebidas desse tipo neste grupo. De acordo com o relatório da Organização Panamericana da Saúde (OPAS), as mulheres bebem preferencialmente cerveja, embora o consumo de vinho e destilados também tenha aumentado.

Além disso, o consumo tem começado mais cedo. A maioria da população tem conhecimento de que o uso abusivo de bebidas alcoólicas está relacionado a problemas de saúde, porém muitos desconhecem sua relação com o risco aumentado de desenvolvimento de neoplasias. O álcool contribui para o surgimento de tumores de boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado, intestino e mama, para mulheres na pré e pós-menopausa.

No Brasil, em 2012 foram diagnosticados 437.592 novos casos de câncer, excluindo o câncer de pele não melanoma. Destes, se estima que 4,8% sejam causados pelo consumo de álcool, ou seja, 21.000 novos casos por ano. No grupo feminino, 5.646 (2,6%) novos tumores foram relacionados com a ingestão de bebidas alcoólicas. Estimativas globais de 2012 mostraram que aproximadamente 144.000 novos casos de câncer de mama e 38.000 mortes pela neoplasia foram atribuídas ao consumo de álcool, sendo cerca de 18% destes casos em mulheres que consomem pequena quantidade de álcool.

Apesar de muitas mulheres acreditarem que apenas o uso abusivo do álcool aumenta as chances de desenvolvimento de tumores de mama, diferentes estudos têm demonstrado que o consumo de quantidades moderadas de álcool regularmente também estão associados com risco aumentado de neoplasia: mulheres que consomem cerca de três doses de bebidas alcoólicas por semana fazem parte desse grupo de risco. Por isso, evitar ou até mesmo diminuir o consumo de álcool são prevenções que todas devem adotar.

Risco aumentado

Esta foi durante muito tempo uma dúvida para profissionais da saúde, muitas hipóteses foram geradas e uma pesquisa recentemente publicada respondeu a esta questão. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, demonstraram em estudo utilizando modelo animal que o álcool danifica permanentemente o DNA de células tronco do sangue aumentando a chance do surgimento de diferentes neoplasias, dentre elas a de mama.

O trabalho mostrou ainda que a enzima aldeído desidrogenase 2 (ALDH2) remove os acetaldeídos, subprodutos da metabolização do álcool, que permanecem no organismo. Entretanto, parte da população não possui esta enzima ou apresenta deficiência na atividade da mesma, o que os torna mais suscetíveis a doenças relacionadas à ingestão de bebidas etílicas.

O consumo de álcool por mulheres e sua relação com o desenvolvimento de neoplasia de mama evidenciam a importância de programas de prevenção com foco na redução ou suspensão do uso de bebidas alcoólicas, poupando muitas mulheres de desenvolverem a doença. “O controle de câncer de mama deve priorizar a prevenção e a detecção precoce.”

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